Cientistas garantem disponibilizar vacinas contra o câncer antes de 2030
O desenvolvimento de vacinas terapêuticas anunciadas em outubro deste ano, em uma entrevista ao “Sunday with Laura Kuenssberg” da BBC com Ozlem Tureci e Ugur Sahin, fundadores da BioNTech, empresa alemã de biotecnologia responsável pelo imunizante da Covid-19, é a expectativa de um novo recurso no combate ao câncer.
Na ocasião, os cientistas revelaram a produção e testagem de aplicações para prevenção da reincidência de tumores, utilizando a tecnologia de RNA mensageiro (RNAm). O método adotado foi comprovado como eficaz e seguro na prevenção de outras doenças infectocontagiosas, como por exemplo, a Covid-19.
De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de imunizações, Renato Kfouri, as vacinas genéticas de RNA mensageiro, abriram, com a vacinação da covid-19, uma janela de oportunidade para a prevenção de cânceres de pulmão, de mama, intestino e próstata. O pediatra infectologista explica ainda que a tecnologia do RNA mensageiro envia uma mensagem para o nosso próprio corpo produzir essas proteínas que atacam os tumores, e dessa forma, é possível neutralizar o seu crescimento. Em geral, essas vacinas são terapêuticas pois não previnem o câncer, sendo utilizadas em pessoas que já estejam com câncer, com o intuito de inibir a sua replicação.
Dentre as vacinas que estão mais avançadas na fase de testes, estão a do câncer colorretal, o melanoma (câncer de pele), o melanoma avançado e o câncer de cabeça e pescoço. As injeções para o câncer de ovário, próstata e tumores sólidos também já se encontram em fase inicial de estudos.
Para a oncologista do Hospital Santa Izabel, Clarissa Mathias, nesse caso, a ativação do sistema imunológico do próprio paciente é feita através da utilização do material do tumor, criando uma vacina “personalizada”, que reconhece as células tumorais como não pertencentes àquele indivíduo. Portanto, a produção dessas vacinas é realizada de forma individualizada, o que, muito provavelmente, tornará difícil a universalização da mesma.
Ainda segundo a oncologista, já existem vacinas “personalizadas” contra o câncer de próstata, por exemplo, aprovadas fora do Brasil, e mais recentemente, as Car T Cell foram aprovadas no Brasil, sendo também uma forma de tratamento personalizado que é capaz de aumentar o sistema imunológico do indivíduo.
Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 4 de novembro de 2022