Influência nacional em eleição da Bahia gera guerra de narrativas entre candidatos
A eleição ao governo da Bahia deste ano tem sido marcada por uma pergunta que só as urnas no dia 2 de outubro irão responder: o cenário eleitoral nacional é decisivo no pleito estadual? Candidato do União Brasil, ACM Neto está desde o ano passado rechaçando a possibilidade de influência nacional na hora do baiano votar, mas o horário eleitoral dele mostra a preocupação com essa possível interferência.
Em dois dos três programas exibidos até agora, Neto tem ressaltado que, se for eleito governador, terá a capacidade de administrar o estado com qualquer presidente da República. “Durante os meus dois mandatos de prefeito, o Brasil teve três presidentes da República diferentes, e Salvador teve a melhor gestão do Brasil. Podem ter certeza, vou construir as pontes necessárias com o próximo presidente, e vou trabalhar com toda minha energia para fazer o meu governo do Brasil”, disse o próprio candidato do União Brasil no horário eleitoral.
Se ACM Neto tenta minimizar o efeito da influência nacional na eleição da Bahia, as campanhas dos principais opositores Jerônimo Rodrigues (PT) e João Roma (PL) têm estimulado e propagado que é inevitável fugir desta interferência. Para o senador Jaques Wagner (PT), que é um dos coordenadores da campanha petista, o pleito nacional é um BA-VI entre bolsonaristas e petistas, e “vai descer para o estado”.
Wagner aposta que Roma irá crescer nas pesquisas e tirar votos de ACM Neto. Pesquisa Datafolha, contratada pela Rádio Metropole e divulgada na semana passada, aponta que o ex-ministro da Cidadania tem 8% das intenções de votos hoje. Mas, o seu principal cabo eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL), apesar de ter uma força política pequena no estado, é capaz de influenciar o eleitorado baiano.
Segundo a sondagem de opinião, 13% votariam, com certeza, em um indicado por Bolsonaro. A consulta aponta ainda que mais 15%, talvez, votem em um nome apoiado pelo presidente. O que abre uma margem de crescimento para João Roma. Ao apostar no poder político de Bolsonaro, Roma tem intensificado a estratégia de colar sua imagem a do chefe do Planalto no horário eleitoral, entrevistas e debates. No embate eleitoral promovido pela TV Bandeirantes, o candidato do PL chegou a citar o seu cabo eleitoral 21 vezes.
Neto, no entanto, acredita que o seu ex-aliado ficará apenas com o núcleo duro bolsonarista. “A candidatura de João Roma pertence a um nicho, na minha visão, bastante limitado do espectro político. Mas ela é legítima e deve ser respeitada”, disse o ex-prefeito
A transferência de votos
Para o cientista político e professor da Ufba, Paulo Fábio Dantas Neto, a eleição nacional já tem interferido na sucessão do estado. “Não acredito que esteja havendo a ausência de influência. Se não houvesse a influência nacional, talvez, a distância do Neto fosse maior do que está sendo”, afirma, ao ressaltar que os “fatores estaduais” também têm que “cooperar” para a vitória de um candidato. Não basta, portanto, um líder nacional declarar apoio e fazer campanha para um aliado.
É em cima do ex-presidente Lula (PT) que cai a maior expectativa. O Datafolha mostra que 42% dos eleitores baianos, com certeza, votariam em um nome indicado pelo ex-chefe do Palácio do Planalto. O mesmo levantamento aponta ainda que mais de 21%, talvez, siga a orientação de Lula. Para conquistar o apoio destes eleitores “lulistas”, Jerônimo Rodrigues tem reiterado que ele é o “candidato de Lula na Bahia”, e disseminado um vídeo em que o ex-presidente declarou este apoio durante o 2 de Julho.
“Quero que vocês saibam. Aqui, na Bahia, eu tenho um candidato e é o companheiro Jerônimo Rodrigues”, afirmou o ex-presidente, na festa da Independência da Bahia. No horário eleitoral, Lula tem repetido seu apoio. “A Bahia é hoje um orgulho para todos nós. Wagner começou esse projeto, e o Rui seguiu em frente. Esse trabalho não pode parar, e por isso estou com Jerônimo”, destacou ele. Fonte Metro1.