COLUNA DA SEMANA] Eleição na Bahia e a “Rebeldia” que continua
Parece que a permanência do governador Rui Costa no Palácio de Ondina, cumprindo seu mandato até o último dia de governo, caminha para uma decisão irreversível.
As presenças dos senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD) na composição da majoritária para a disputa da sucessão estadual, respectivamente encabeçando a chapa e na vaga para o Senado (reeleição), são favas contadas.
Outro ponto que começa a ser discutido, ter uma maior atenção, é o fator idade, já que Wagner e Otto estão na casa dos 70, o que faz com que a vaga para vice-governador seja ocupada por quem tem pouca idade, dando assim um equilíbrio. Vale lembrar que o adversário maior, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, pré-candidato pelo DEM, só tem 42 anos.
O prefeito de Jequié, Zé Cocá, 45, presidente da União dos Municípios da Bahia, do partido do vice-governador João Leão, o PP, passa a ser o nome do lulopetismo para ser vice de Wagner, o que significa um chega pra lá nos outros postulantes do pepismo, como o deputado federal Ronaldo Carletto, 65, o estadual Nelson Leal, 51, e Jabes Ribeiro, 69, ex-prefeito da vizinha e irmã cidade de Ilhéus e secretário-geral do Partido Progressista, a legenda de Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil do governo federal, e Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, ambos lideranças do Centrão e principais aliados do presidente Bolsonaro.
Outro detalhe é que o sonho de Leão em assumir o governo do Estado com a desincompatibilização de Rui Costa virou um grande pesadelo. Nos bastidores da cúpula nacional do PT a conclusão é de que o fato de Leão ser do PP, legenda ligada ao bolsonarismo, já é motivo suficiente para que o chefe do Executivo permaneça como morador mais ilustre do Palácio de Ondina. No ar um cheiro de desconfiança.
Em conversas reservadas, o que se comenta é que é desaconselhável ter um político do partido aliado ao bolsonarismo no comando da Boa Terra. Wagner diz, em toda entrevista, que está tudo sob controle, que a base aliada vai continuar unida, que todo esse disse-me-disse não passa de intriga da oposição. Ledo engano.
A verdade é que o pega-pega na composição da majoritária está cada vez mais acirrado e preocupante. O PP tem agora o “rebelde” 2, já que o vice-governador João Leão é tido como o de número 1. “Só temos um palanque, que é Leão na chapa majoritária, é isso que nós estamos discutindo”, diz Jabes.
No lulopetismo, principalmente na sua cúpula nacional, que obedece rigorosamente o ex-presidente Lula e não dar um passo sem consultá-lo, a unânime opinião é de que João Leão está forçando um rompimento com a base aliada e, como consequência, uma aproximação com ACM Neto, já que sabe que Wagner como candidato a governador e Otto buscando à reeleição para Senado é assunto encerrado, prego batido. São candidaturas tidas como naturais.
Obviamente que ainda é muito cedo para qualquer análise mais consistente, com menos especulações, que são inerentes e aceitáveis no jornalismo político, desde que dentro de uma certa lógica. Dizer, por exemplo, que João Leão pode ser candidato a senador na majoritária encabeçada por ACM Neto não é nada absurdo. Mas levantar a hipótese de que o ministro da Cidadania João Roma pode deixar o cargo para compor a majoritária da base aliada como vice de Jaques Wagner é imperdoável. Um besteirol gigantesco, do tamanho da imbecilidade de quem escreveu.
O atento e caro leitor deve ter percebido que coloco a palavra “rebelde” sempre entre aspas. Não vejo nenhuma “rebeldia” por parte dos pepistas, e sim um direito de reivindicar uma posição na majoritária pela importância da sigla, de não aceitar o papel de coadjuvante.