Os primeiros 100 dias de governo do prefeito Fábio Gusmão foram marcados de duas fases movimentadas e totalmente opostas. Uma fase positiva que se estendeu até os 70 dias de governo e a fase negativa nos últimos 30 dias. Essa fase negativa, que começou agora, tem todos os ingredientes (críticas, impopularidade e denúncias) para piorar em muito a vida do governo.

Na fase positiva (como escrevi em outro artigo), tivemos um governo bem avaliado e conseguindo fazer a coisa certa. Entre outras ações, destacamos a nomeação de bons Secretários, aos quais, três mulheres para importantes secretarias; A prefeitura que permaneceu aberta e sem “auditoria mal planejada”; Os bons resultados na Secretaria da Saúde com a chegada da Vacina CoronaVac e a logística na aplicação da vacina e sem fura-fila; As ações da Secretaria de Obras e Serviços no tratamento dado às estradas vicinais do município; E a Segurança Pública do município que mudou da água para o vinho. Também foi nessa fase que tivemos, infelizmente, a truculência do governo na destruição do quebra-molas da Rua Oplínio de Gusmão, mas que não maculou a era positiva da gestão.

Já na fase negativa (os últimos 30 dos 100 dias) tivemos um governo altamente criticado e com graves denúncias. Essa fase começou aos 71 dias de governo quando a Secretária da Saúde Daniela Rocha, que vinha fazendo um bom trabalho, pediu exoneração. A sua saída gerou especulações, avaliações apressadas e muito desgaste para o governo. Afinal, ninguém assume uma pasta importante como é a da Saúde para deixá-la tão prematuramente sem que haja grandes motivos; Também tivemos o cancelamento da compra de sete toneladas de peixes para as famílias carentes do município. A distribuição do peixe fazia parte da tradição da Semana Santa e o governo resolveu quebrá-la. As críticas vieram imediatamente e de todas as partes, inclusive de aliados políticos que não perdoaram a negligência do prefeito para com os mais carentes; E, por fim, as denúncias trazidas por alguns vereadores na última Sessão da Câmara (06/04/2021) contra a nova gestão. As graves denúncias, levadas ao Ministério Público, poderão desgastar ainda mais a nova gestão e prolongar por muito tempo essa fase negativa do governo.

Os primeiros 100 dias do governo de Fábio Gusmão que poderiam ser marcados com ações positivas e boa popularidade, desandaram nos últimos 30 dias e podem piorar, caso o prefeito não reestabeleça o diálogo democrático com setores importantes do comércio e outros setores do município penalizados com o toque de recolher. Também com os vereadores de oposição, maioria na atual conjuntura e têm reclamado da falta de diálogo do executivo. A falta de diálogo do gestor parece existir até mesmo com alguns vereadores da sua própria base, como ficou visível na última Sessão Legislativa.

Nesses 100 dias de governo o mais importante, talvez, seja lembrar que no sistema democrático, o prefeito ainda não recebe título de rei e, portanto, precisa praticar o diálogo e muita negociação (diferente de negociata) política para o bom funcionamento da Máquina Pública. E, por fim, lembrar: “Quem não aceita as regras do jogo democrático, talvez, seria melhor não entrar para jogar”.

Por Zé Alves: *Bacharel Licenciado em Filosofia pela PUC-Minas; Filosofia da Educação pelo ISTA; Cursou dois anos de Teologia e cursos de especialização no campo da Terapia Cognitiva Comportamental.