Governo corta 1,6 milhão de projeto de abastecimento de água no Nordeste
Na semana passada o portal Uol publicou uma informação que, o Governo Federal realizou um corte de 1,6 milhão relativo ao abastecimento de água nos lares da região semiárida do Nordeste, a operação Carro-Pipa. Operação que tem o objetivo de levar água a cisternas e tanques de comunidades rurais onde o período de seca é mais extenso nestas áreas. Segundo a planilha do Exército, que coordena a operação, 1,6 milhão de pessoas teriam direito ao abastecimento em novembro, em oito estados do Nordeste, prejudicadas.
O corte de recursos ocorreu logo após o segundo turno da eleição, no dia 30 de outubro, em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu derrotado. A coluna apurou que o primeiro estado a ter o abastecimento suspenso, logo no início do mês, foi Alagoas. Já Pernambuco, Paraíba e Bahia, a paralisação foi informada apenas na quinzena final de novembro, assim como vem ocorrendo nos demais estados, com os caminhões deixando de prestar o serviço à população.
A operação Carro-Pipa é financiada pelo Exército Brasileiro numa parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Para a coluna o órgão afirmou que a suspensão ocorreu por falta de verbas para continuidade. O MDR diz que alertou o Ministério da Economia sobre a falta de recursos e não teve retorno.
Segundo informações divulgadas por Uol, o recurso repassado pelo Governo Federal tinha previsão apenas até o último dia 15 de novembro, ou seja, várias famílias da região semiárida de Pernambuco e Bahia ficarão desassistidas com o aborto da operação. Na região semiárida de Vitória da Conquista, cidades em torno, muitas famílias dependem desta operação para abastecer suas cisternas, sem isso muitas comunidades irão ter sérios problemas por ser regiões que têm um período longo de estiagem.
Construção de cisternas
Cisternas de armazenamento de água de consumo humano, cisternas de produção e as tecnologias sociais de convivência com o semiárido. Muitos destes projetos que eram financiados pelo Governo Federal entre os anos de 2002 até 2016 foram cancelados por falta de financiamento. A construção de cisterna de placas de 16 mil litros faz parte de um conjunto de tecnologias sociais que têm como finalidade a cultura do estoque, a produção e o fortalecimento dos pequenos agricultores da Agricultura Familiar. Essas, entidades responsáveis na região informou a nossa reportagem que, deixaram de executar e que muitas famílias deixaram de receber a tecnologia.
Assim também como outros projetos que tiveram verbas cortadas no ano de 2014 a 2016, como por exemplo o Cisternas nas Escolas, projeto que tinha por objetivo garantir água nas escolas de comunidades rurais do semiárido e a garantia de alimento de qualidade para estudantes moradores destas áreas.
O Sementes do Semiárido também foi praticamente abortado. Este, garantia às famílias do sertão a soberania alimentar e o preservar da biodiversidade por meio de guardar as sementes em Casas de Sementes ou Bancos de Sementes como são chamados.
Esses projetos garantiam às famílias agricultoras do semiárido seu protagonismo, garantia pela alimentação, garantia da economia e a produção de forma agroecológica levando dignidade e gerando conhecimento para uma das regiões que mais necessita das políticas públicas tanto dos governos como de organizações nacional e internacional.
Todos estes projetos citados foram criados pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), entidade criada pela sociedade civil organizada junto aos vários movimentos sociais da cidade e do campo para levar através de projetos mais dignidade para várias comunidades do semiárido brasileiro. Na região de Vitória da Conquista existem uma diversidade de entidades que compõe a rede ASA do nordeste, uma delas é o Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (Cedasb) que executa estes projetos na região e compõe a ASA Bahia.