45ª Romaria da Terra e das Águas teve o grito dos povos indígenas e pedido de devolver o Brasil ao povo brasileiro
Concluiu no último domingo (03/7/2022) a 45ª Romaria da Terra e das Águas nas terras do Bom Jesus da Lapa e na gruta de Nossa Senhora da Soledade.
Depois de dois anos sem a realização presencial da Romaria, este ano vários romeiros e romeiras foram até a capital da fé na Bahia para demonstrar sua fé e defender seus territórios, em mais uma Romaria da Terra e das Águas, pelas ameaças dos grandes empreendimentos e projetos de mortes que vêm sendo realizado nos seus territórios. Pauta da maioria das Romarias realizadas.
Este ano de 2022, muito desafiador, como nos informou uma romeira, teve como tema: “Ouvir e caminhar juntos: Somos povos da terra e das águas” e contou com a presença de vários povos indígenas, num total de cento e oitenta indígenas de diferentes povos (foto) que vieram do norte de Minas Gerais e das regiões oeste, sul e extremo sul da Bahia e marcaram presença nos debates e deram um grito de pedido de socorro na Via Sacra cobrando do governo de Bolsonaro que pare com a violência contra os povos tradicionais com invasões em seus territórios. o Marco Temporal foi discutido pelos indígenas presentes que durante este ano vem fazendo várias manifestações na luta pelo seus territórios.
A Romaria acolheu os romeiros e romeiras com a missa de abertura no seu primeiro dia sexta-feira (01), onde Dom Frei Luiz Cappio (foto), Bispo da Barra e referencial da romaria junto com padres e o Bispo Dom João Cardoso de Bom Jesus da Lapa celebraram a missa onde contou com milhares de romeiros. Na sua homilia, Dom Cappio, que completou 50 anos de sacerdócio, falou da alegria de estarmos vivos depois de dois anos de enfrentarmos uma pandemia que matou muita gente, ele também destacou a importância da vacina, motivo de estarmos ali naquele momentos reunidos.
Dom Cappio é uma referência para a Romaria da Terra e das Águas, praticamente esteve presente em todas realizadas, é também um grande defensor do Rio São Francisco (Velho Chico) e dos povos ribeirinhos que necessita do rio para sobreviver.
Dom Cappio terminou sua reflexão dizendo que o Brasil tem que voltar a ser dos brasileiros e que nos últimos anos o sentimento de pertencimento se perdeu no Brasil especialmente o povo mais pobre. Ele fazia claramente uma crítica ao governo vigente que tem o menor zelo pelo povo brasileiro e os povos indígenas. O Brasil é dos pobres, a maioria do povo; dos indígenas que já estavam aqui antes dos colonizadores; e dos negros, que durante 300 anos foram escravizados”, afirmou ele.
A 45ª Romaria também homenageou o Frei Luciano Bernardi (foto) da Comissão Pastoral da Terra – Bahia por ter completado 50 anos de sacerdócio. Luciano nasceu na Itália e veio para o Brasil em 1975 para trabalhar em Guaraniaçu, no Paraná. Oito anos mais tarde ele veio para a Bahia, diocese baiana de Rui Barbosa. Neste anos, participou de 40 romarias, sendo em uma delas percorreu a pé os 516 quilômetros até Bom Jesus da Lapa.
Ainda foram homenageados o jornalista inglês Dom Phillips, o indigenista Bruno Araújo, assassinados no Vale do Javari, no Amazonas, e do trabalhador rural Wesley Flávio da Silva, morto, em junho deste ano, no assentamento Nova Esperança, em Rondônia. Wesley era presidente da Associação dos Produtores Rurais.
Já no sábado (02) aconteceram os Plenarinhos com temas específicos, Terra e Território, Fé e Política, Rio São Francisco e outras bacias, Juventudes e Crianças, onde foi tirada uma carta de compromisso para ser entregue nas comunidades e nas paróquias e ser trabalhada junto aos movimentos sociais e populares da cidade e do campo. No domingo (03) a divulgação da Carta da 45ª Romaria da Terra e das Águas marcaram a Missa da Ressurreição e dos Compromissos e Envio. A celebração, presidida pelo bispo Dom João Santos Cardoso, encerrou o evento.
Confira carta: Carta da 45ª Romaria da Terra e das Águas_final.
O site esteve presente na Romaria e registrou alguns momentos e entrevista. Veja: