MPF aponta interferência de Bolsonaro e vazamento no caso de Milton Ribeiro
O Ministério Público Federal (MPF) apontou, em uma manifestação divulgada nesta sexta-feira (24), que há indícios de vazamento da operação da Polícia Federal que resultou na prisão preventiva do ex-ministro da educação Milton Ribeiro. O documento apontou ainda uma “possível interferência ilícita por parte do presidente da República Jair Bolsonaro nas investigações”.
Na manifestação, o MPF pede que o caso seja encaminhado para o Supremo Tribunal Federal (STF) para maior apuração. O órgão aponta a suspeita de crimes de violação de sigilo funcional e favorecimento pessoal.
“Registre-se também que há indícios de igual interferência na atividade investigatória da Polícia Federal quando do tratamento possivelmente privilegiado que recebeu o investigado Milton Ribeiro, o qual não foi conduzido ao Distrito Federal (não havendo sido tampouco levado a qualquer unidade penitenciária) para que pudesse ser pessoalmente interrogado pela autoridade policial que preside o inquérito policial, apesar da farta estrutura disponível à Polícia Federal para a locomoção de presos. Nesse ponto, destaque-se que a ausência de Milton Ribeiro perante a autoridade policial foi prejudicial ao livre desenvolvimento das investigações”, escreve o procurador.
De acordo informações do site Metro1, a suspeita de interferência de Bolsonaro veio à tona depois que o delegado que comandou a operação, Bruno Calandrini, afirmou, em mensagens para colegas, que houve interferência na condução da investigação. De acordo com as mensagens, a corporação teria dado tratamento diferenciado ao ex-ministro, que não foi levado de Santos (SP) para Brasília por conta de uma decisão superior.
Ribeiro foi preso pela Polícia Federal em uma investigação que apura um suposto esquema para liberação de verbas do MEC. Na última quinta-feira, o desembargador federal Ney Bello, do Tribunal Regional Federal (TRF-1), mandou soltar o ex-ministro da Educação.