Quando o assunto é o impeachment do presidente da República, independente da ideologia de quem esteja no cargo mais cobiçado do Poder Executivo, a opinião que prevalece é que a questão é política, já que o afastamento depende do Congresso Nacional, das suas duas Casas Legislativas: Senado e a Câmara dos Deputados. Vale lembrar que é o presidente dessa última Casa que tem a prerrogativa de tirar o pedido de afastamento da gaveta, dando início ao processo. Mas parece que o remédio amargo não é só uma questão política, descamba também para o lado familiar. Caiu como uma bomba a notícia de que Arthur Lira Filho, na faixa dos 20 anos, filho do deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente do Parlamento Federal, tem contratos de publicidade que envolvem o governo, segundo matéria do site Política Livre do dia 14 de julho de 2021. Arthur Lira, o pai, vem dando seguidas declarações contra o remédio amargo. A mais recente foi no dia 13 do corrente mês: “Essa é uma decisão política. Você neste momento tem que trabalhar mais para pôr água na fervura do que para botar querosene”. Ora, ora, se o deputado não colocar “água na fervura” do impeachment, cada vez mais com a temperatura alta, o serviço que o filho faz para o governo pode ser cancelado. Costumo dizer que na política, os menos espertos dão até beliscam em azulejo.
(COLUNA WENSE, terça-feira, 20 de julho de 2021). Marco Wense, bacharel em Direito e comentarista político