Renan diz que governo está “apavorado” com sua relatoria na CPI
Cotado para assumir a relatoria da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o governo ainda trabalha para afastá-lo da função. Aliados de Jair Bolsonaro alegam que Calheiros tem conflito de interesses por ser pai de Renan Filho (MDB), governador de Alagoas, que pode vir a ser investigado no curso da comissão.
“Desde já me declaro parcial para tratar qualquer tema na CPI que envolva Alagoas. Não relatarei ou votarei. Não há sequer indícios quanto ao estado, mas a minha suspeição antecipada é decisão de foro íntimo”, disse o senador na sexta-feira (24), pelas redes sociais.
Ao Congresso em Foco, Renan afirmou que sempre deixou claro que se houvesse algo a investigar de Alagoas “designaria outro relator para o caso” e que sua declaração não significa “jamais” a retirada de sua candidatura. “Fiz isso para afastar qualquer hipótese de suspeição depois, como aconteceu com o [Sérgio] Moro”, declarou.
Mais tarde, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) também usou as redes sociais para criticar a relatoria de Renan.
Ao site, Ciro Nogueira negou estar trabalhando junto à base do governo para ser indicado como relator e disse que a relatoria já está definida, mas que com o tuíte, Renan se coloca em suspeição. “Eu que já tenho uma certa experiência em CPI não vejo como ele se tornar efetivo”, aponta.
Para o pepista, não há como ter dois relatórios em uma CPI. “Ele tem esse pensamento, acho que ele está correto, mas não vejo como equacionar essa situação. Não tem instrumento para ter dois relatórios, isso seria um absurdo.”
Apesar das críticas, o senador disse respeitar Renan Calheiros e afirmou ser legítima sua participação na CPI.
Renan classificou a declaração de Ciro Nogueira no Twitter como “despropositada”. “Ele não deveria ter tanto medo. Não deveria ter medo de véspera”, disse. “Ciro Nogueira quer fazer média e está apavorado com a tarefa de defender um morticínio”, emendou.
Os senadores escolhem na próxima terça-feira (27) o presidente, vice e o relator da CPI. Até o momento, os cotados para as posições são Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros, respectivamente.
Ministério do Planejamento
Ainda na sexta-feira (24), a Folha de S. Paulo divulgou que o presidente Jair Bolsonaro pensa em recriar o Ministério do Planejamento para entregar ao Senado, já que outras cinco pastas são comandadas por deputados. De acordo com Ciro Nogueira, seu nome não está na lista dos cotados para assumir o Planejamento.
“Jamais [assumiria a pasta]. Tem muito tempo que se fala na recriação do Ministério do Planejamento, sempre fui um defensor e acho que ideal é ter ministro com pensamento divergente sobre planejamento e economia, mas tudo fica no campo da especulação”, aponta.
Ciro Nogueira foi um dos que participou de um almoço na casa do ministro das Comunicações Fábio Faria na última quarta-feira (21). O evento contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro e a maioria de seus ministros. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também passou pelo evento. Segundo o senador, durante o almoço não foi tratado sobre a recriação do ministério. *Congresso em Foco.