Para o povo mais carente, não falta apenas peixe, falta governo
A ausência de piedade, empatia e ternura nesse período tão difícil o qual passamos, demonstra a tamanha incapacidade de não conseguir imaginar as privações mais diversas diante as necessidades mais essenciais para aqueles que tanto precisam do governo. A falta de sensibilidade e de compreensão destrói os sentimentos humanos. O desabafo do vereador Juarez Fernandes na WEB TV REGIONAL demonstra a capacidade de sentir compaixão e simpatia pela humanidade, quando questiona de forma corajosa a perversa atitude da prefeitura municipal em cancelar a distribuição do peixe na Semana Santa. O vereador desabafa com emoção por conhecer a precisão do povo em suas origens de vida.
O pior são as alegações atribuídas a pandemia, sendo que, justamente, por conta dela, os mais pobres sofrem suas maiores consequências: a condição de sobrevivência. Se não bastasse a insensibilidade da secretaria de educação em não distribuir o kit da merenda escolar, que tem verba garantida desde o mês de janeiro, agora, a prefeitura resolve não distribuir o peixe, que de acordo com a Igreja Católica, marca um período importante do cristianismo.
Outro ponto a ser entendido, será saber qual a função estratégica da secretaria de assistência social na articulação de suas funções de proteção, defesa e vigilância sociais? Poderia a secretária Mônica Macedo, estabelecer um planejamento em parceria com as instituições da sociedade civil e com as Igrejas, para que o peixe fosse entregue em domicilio, na forma de ‘delivery’, a exemplo de como são permitidos aos comércios de alimentos, de acordo com as medidas de segurança durante a pandemia. Pois, creio que, se houvesse interesse e intenção, os líderes comunitários e religiosos não se negariam em ajudar na formulação de um planejamento para que fosse feito. Não podemos deixar de observar que tiveram tempo para montar uma estrutura logística. Tanto que, já havia uma prévia licitação para a compra dos peixes que seriam distribuídos.
Ainda mais grave e lamentável, é o silêncio indiferente do prefeito Fábio Gusmão diante dos fatos e suas consequências. Nos parece que suas evidentes limitações em compreender a função institucional em que estar, é um claro reflexo da funcionalidade em seu governo. Infelizmente, por incompetência, ou talvez, insensibilidade, nesse ano de maldita pandemia, em calamidade, o povo não receberá peixe na semana santa para “evitar aglomeração” e, como justifica a prefeitura, para que o dinheiro seja usado na compra de vacinas. Aliás, uma questão que, apesar de autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ainda depende de entendimento do confuso ministério da saúde. Mas, como parece querer entender o governo municipal, a necessidade alimentar dos mais vulneráveis poderá esperar a pandemia passar. Essa explicação deve servir para os que têm seus salários garantidos, portanto, não lhes faltarão o peixe na mesa.
De São Paulo, 01 de abril do Ano da Graça de 2021, J Rodrigues Vieira, para o ‘site’ Crônicas de Itarantim.