Com a democratização da informação passamos a sofrer menos influência da imprensa sulista, que impôs por décadas um padrão de comunicação que não respeitava (ainda não respeita como deveria) o regionalismo de um país continental como o nosso. Essa grande mídia ou mídia tradicional vem perdendo espaço e vive talvez um dos seus piores momentos. Já a mídia alternativa ou independente tem ganhado espaço, principalmente, com a evolução da internet nos últimos anos.

Continuamos interessados nos grandes temas nacionais e mundiais, mas passamos a interessar mais pela informação local e regional. Aquela informação diária que influencia direta ou indiretamente as nossas vidas.

A mídia alternativa garantiu mais informação a partir da nossa realidade gerando satisfação na população, mas também sentimento colérico em determinados políticos avessos aos princípios democráticos de uma imprensa livre. Políticos e grupos políticos que não gostam de serem incomodados com denúncias sólidas e artigos críticos. Que ainda não compreenderam que nessa nova sociedade os “indivíduos conectados podem não apenas consumir informação em diferentes plataformas como se expressar livremente nas redes sociais e demais canais de comunicação” contra ou a favor de determinadas ações políticas.

É verdade também que nem toda mídia alternativa ou independente preza pela própria liberdade e imparcialidade na hora de informar. Em governos passados presenciamos segmentos dessa imprensa alinhados aos que detinham o capital político. Eram “obrigados” a noticiarem somente os feitos e as conquistas que muitas vezes não existiam na realidade. As críticas e denúncias nunca eram noticiadas naqueles tabloides digitais que hoje lutam para ter de volta a credibilidade perdida.

No governo de Fábio Gusmão, em tão pouco tempo, presenciamos o mesmo comportamento de alguns seguimentos da mídia alternativa. Nesses segmentos, editados e formatados em outras cidades, parece que todos os problemas da nossa cidade já foram sanados e vivemos agora em uma nova cidade. Neles, o pacote oferecido à nova gestão é só para informar e elogiar, não encontramos críticas e muito menos denúncias. Essa mídia alternativa e aquelas de outros governos praticam um desserviço à comunidade e seguem a mesma lógica da mídia tradicional.

Relembro aqui as palavras do Juiz Fábio Marx Saramago Pinheiro quando na diplomação dos atuais poderes constituídos da nossa cidade e as transcrevo na íntegra: “Não existe democracia sem imprensa. É a imprensa que consegue desvendar e publicizar o que acontece no governo. Senão o governo se transforma numa caixa preta, ninguém sabe o que acontece lá dentro. Então a imprensa tem um papel fundamental na democracia. É ela que vai expor os outros três poderes, e vai mostrar à população o que está acontecendo”.

Penso que as palavras do magistrado é uma luz no fim do túnel, tanto para os poderes constituídos que são por natureza independentes e harmônicos entre si, quanto para a imprensa (quarto poder reconhecido) que além de ser livre precisa querer ser de fato. Para não permitir que os males gerenciais e viciosos de outros governos se repitam nesse.

Zé Alves Nunes é Bacharel Licenciado em Filosofia pela PUC-Minas; Filosofia da Educação pelo ISTA; Cursou dois anos de Teologia e cursos de especialização no campo da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC).